Temáticas associadas à qualidade são muito requisitadas em discussões empresariais: qualidade de processos, de serviços e de produto. Qualidade é um tema atual. Toda organização busca, de algum modo, a qualidade, seja em seus processos ou na elaboração de seus produtos.
O conceito apresenta múltiplos enfoques e abordagens e não é recente.
O homem primitivo já se preocupava com a qualidade na busca por melhores materiais para produzir suas armas, por métodos mais eficazes de caça e pela análise de alternativas para obter colheitas melhores.
Ao que parece, a busca pela qualidade é algo intuitivo.
“Por volta de 2150 a . c, o código de Hamurabi já demonstrava uma preocupação com a durabilidade e funcionalidade das habitações produzidas na época, de tal forma que, se um construtor negociasse um imóvel que não fosse sólido o suficiente para atender à sua finalidade e desabasse, ele, construtor, seria imolado.” (OLIVEIRA, p. 3, 2004)
Ser imolado significa ser sacrificado. O autor completa sua contextualização afirmando que:
O conceito de qualidade se desenvolvia sendo relacionado, no contexto da época, ao valor percebido pelo usuário em face de um conjunto de características tangíveis agregadas ao produto.
Podemos dividir o processo evolutivo da temática em três fases: era da inspeção (por parte do produtor e cliente), era do controle estatístico e era da qualidade total (ênfase na responsabilidade das empresas pela qualidade dos produtos e serviços).
Na revolução industrial (século XIX) as preocupações com a qualidade se intensificaram e os ‘atributos da qualidade’ tornaram-se mais exigentes, sistematizados, convertendo-se em normas e orientações.
A segunda guerra mundial (anos 40) foi um marco para a evolução da prática da qualidade, motivada pela necessidade das indústrias de guerra norte-americana de produzir uma quantidade maior de bens e com boa qualidade de resposta.
Nos anos 50, fase pós-guerra, os EUA ditavam os modelos de gestão e os difundiam a todos os domínios, expandindo seus negócios.
O quadro era o seguinte: existia grande procura pelos bens, uma escassez de oferta e o mercado, num plano geral, se tornava cada vez menos exigente.
Já o Japão vivia uma fase de recuperação, onde a preocupação principal era a otimização de processos e qualidade do produto, afinal precisava competir para retomar crescimento. A qualidade, em um primeiro momento, se restringia ao universo da produção fabril, embora com implicações amplas sobre o processo de gestão.
O Japão ganhava as atenções dos demais países em face do desempenho alcançado pelas suas indústrias e se consolidava como potência econômica.
A recuperação do Japão no pós-guerra foi surpreendente e edificaram a economia do país.
Destacaram-se nesta fase nomes conhecidos como o de Joseph M. Juran e W. Eduard Deming, autores clássicos na área. Outro nome que ganhou notoriedade foi o de Karou Ishikawa, discípulo de Deming.
O autor desenvolveu o diagrama de causa efeito e o CCQ – Círculo de Controle de Qualidade. Atribui-se também a Ishikawa a criação do programa 5S, embora não se possa afirmar com precisão (RIBEIRO, 2006).
O conceito de qualidade se apurou com o passar dos anos, compreendendo diferentes dimensões.
A gestão de qualidade cada vez mais desperta o interesse dos meio empresarial e acadêmico. Esse status tem ensejado o surgimento de diferentes abordagens e teorias, sem implicar necessariamente em inovação, mas sim, em um produto da evolução de teorias já existentes. (MACHADO, 2004)
Por mais destacada que seja a atenção a qualidade, muito se discute em relação ao seu verdadeiro significado. Mas, existe um significado único e verdadeiro?
Cada pessoa define a expressão com base em suas impressões (abordagem referencial).
Qualidade é um termo subjetivo. Um único conceito pode não alcançar adequadamente todas as características, situações ou circunstâncias abrangidas na prática.
A qualidade é output de um sistema, encadeado e complexo. Por este motivo, acredita-se, é que existem diferentes definições para o termo qualidade.
O termo é associado às características do produto ou serviço que promovem a satisfação do cliente ou usuário (necessidades implícitas ou declaradas).
A qualidade representa um conjunto de características, tangíveis e intangíveis, que agregam valor a um produto (bens ou serviços) e processos, ensejando a satisfação de cliente e usuários (figura 1).
Fonte: a autora.
A satisfação do cliente ou usuário associa-se ao valor percebido por este e influência do mercado, especificamente a concorrência (o que os concorrentes oferecem?).
Verifica-se então que, estudar sobre qualidade nos obriga a olhar outras dimensões de satisfação:
-desempenho;
-características do produto;
-serviço pós-venda;
-conformidade com o projeto ou proposta do serviço;
-diferenciais;
-durabilidade;
-estética.
“A visão transcendente afirma que a qualidade é sinônimo de “excelência inata”; a baseada no produto, enxerga a qualidade como algo preciso e mensurável, a baseada no usuário parte da premissa de que a qualidade está diante dos olhos de quem observa; a da produção, encara a qualidade como conformidade às especificações e a do valor define qualidade em termos de custos e preços.” (ROBLES Jr, p.23, 1994)
Conclui-se então que ‘qualidade’ representa um conceito impreciso cujo significado prático é de fundamental importância para sobrevivência empresarial.
REFERÊNCIAS
RIBEIRO, Haroldo. A bíblia do 5S: da interpretação à excelência. Salvador: Casa da Qualidade, 2006.
RODRIGUES, Marcus Vinícius. Ações para a qualidade: Gestão Integrada para a Qualidade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006.
MACHADO, Márcia Cardoso. Qualidade na indústria aeronáutica. In: OLIVEIRA, Otávio J. (Org.) Gestão de qualidade: Tópicos Avançados. São Paulo: Pioneira homson Learning, 2004.
ROBLES JÚNIOR, Antonio. Custos da qualidade: uma estratégia para a competição global. São Paulo: Atlas, 1994.
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